Painel explicativo na N338.

GPS: 40.348134, -7.561274

Vale suspenso (acesso apenas a pé)

GPS: 40.342800, -7.583000

“Vale glaciário muito bem conservado, constituindo o principal glaciar afluente do glaciar do Zêzere, drenando uma grande área do planalto ocidental. Dentro do vale encontra-se o Charco (lagoa) da Candeeira, um geossítio chave que permite a reconstrução dos paleoambientes do Geopark Estrela desde há 14 mil anos” (fonte Geopark Estrela).

O vale da ribeira da Candeeira, de origem glaciar e a cerca de 1450 m de altitude, está suspenso sobre o vale do rio Zêzere, correndo perpendicular a este. Na confluência das linhas de água existe uma cascata. Quando não está coberto de neve, esta é uma zona bastante húmida, devido às águas provenientes do degelo do planalto superior, onde corre a ribeira da Candeeira. Aí, encontram-se várias espécies arbustivas como o zimbro (Juniperus communis ssp alpina) e gramíneas como o cervum (Nardus stricta). Durante o inverno, devido à queda de neve, a ribeira da Candeeira possui um maior caudal, lançando-se encosta abaixo ao encontro do Zêzere, criando várias cascatas na encosta do vale, proporcionando um cenário de rara beleza.

Este vale apresenta formas glaciárias, tais como circos glaciários, preenchidos por pequenas lagoas, em sucessões características deste tipo de vale. No local onde se encontravam as duas línguas do glaciar, na parte jusante da ribeira, formou-se a moreia* conhecida como Espinhaço de Cão.

O Espinhaço de Cão corresponde a uma crista que, descendo a encosta obliquamente em relação ao vale do Zêzere, junto à cascata da Candeeira, inflete, na sua parte terminal, seguindo o alinhamento do vale. A sua constituição revela um depósito formado por um conjunto de elementos de diferentes tamanhos, desde blocos, a cascalho e mesmo areia. Pelas suas características, de forma e disposição, deverá corresponder a uma moreia resultante da interseção entre os glaciares do Zêzere e da Candeeira, tendo-se formado numa fase já tardia da glaciação. O pequeno glaciar que descia o vale da Candeeira confluía no glaciar principal do Zêzere, junto da atual cascata, talhando o seu vale até atingir o perfil de equilíbrio correspondente ao nível alcançado pelo gelo do glaciar do Zêzere. Com o fim da glaciação, a fusão do gelo deixou a descoberto todo este equilíbrio de formas, que hoje são belos testemunhos do glaciar.

*Moreia – conjunto de materiais transportados pelos glaciares, podendo ter diferentes tamanhos, desde grandes blocos a pequenos.