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Uma lápide que, durante séculos, esteve à entrada deste convento indicava que os primeiros frades chegaram em 1275, no reinado de D. Sancho II. O convento então construído não chegou íntegro aos nossos dias. Com efeito, o impacto das obras da época moderna foi de tal ordem que, de original, é bem pouco o que resta. Todavia, na cabeceira, os dois absidíolos apresentam ainda a configuração primitiva e, no exterior da nave central, é ainda possível ver algumas janelas góticas.

A extinção das Ordens Religiosas levou o convento à ruína, tendo sido depois adaptado a quartel, manteve-se a igreja aberta ao culto até 1910, altura em que foi abandonada. Em 2008, foi alvo de uma intervenção para recuperar as estruturas da igreja e restaurados vários elementos arquitetónicos e decorativos que contemplam técnicas e artes que vão desde o século XIII ao século XX.

Do século XVI (1570-75), destaca-se a cobertura do cruzeiro em abóbada de ogiva de desenho complexo e a capela com o túmulo do cavaleiro fidalgo Gaspar Fragoso, juiz dos órfãos da cidade de Portalegre, em estátua jacente (i.e. deitada), vestindo uma armadura com capacete tendo os pés sobre um leão. Note-se que o Morgadio dos Fragoso era o mais antigo de Portalegre.

No século XVII, a capela-mor original foi totalmente substituída com um novo retábulo em mármore e foram colocados painéis de azulejos figurativos que retratam cenas da vida de São Francisco de Assis. Deste período são também dois retábulos pintados da transição dos altares do Maneirismo para os do primeiro Barroco português.

Entretanto, em parte da cerca conventual foi instalada uma oficina de cortiça, mais tarde vendida ao comerciante inglês Georges Williams Robinson, ficando aí então a Fábrica de Cortiça Robinson, que, em 1941, passou para mãos portuguesas. Numa 1ª fase, foram utilizadas as áreas correspondentes à antiga livraria e ao refeitório do convento, sobre o qual se ergueram os dois primeiros edifícios da fábrica. Porém, o edifício para a produção de rolhas foi construído de raiz.

À importância patrimonial das estruturas do complexo fabril, tanto as originárias do antigo convento como as construídas de raiz, há que adicionar a importância do equipamento, atualmente in situ (i.e. no local original), e que inclui uma linha com 12 autoclaves para cozer os aglomerados negros de cortiça, associada aos sistemas de energia e de vapor instalados ainda na 1ª metade do século XX. De mencionar ainda as habitações de trabalhadores e proprietários, para além de uma creche, resultante de preocupações sociais da época.

O conjunto da Igreja e Convento de São Francisco e da Fábrica de Cortiça Robinson, classificado como CIP - Conjunto de Interesse Público, é fundamental para contextualizar as questões religiosas, culturais, económicas, sociais e urbanísticas que caracterizaram Portalegre até à 2ª metade do século XX. Note-se que a fábrica chegou a dar emprego na cidade a milhares de trabalhadores.

Atualmente, a antiga igreja integra o Núcleo da Igreja do Convento de São Francisco do Museu Robinson, tendo ali instalada uma coleção de arte sacra, reunida por Rui Sequeira com mais de 7000 peças de diferentes épocas (séculos XVI ao XX), materiais e técnicas de execução..