• Algar das Gralhas VII e campo de lapiás da Chainça

  • Lisboa e Vale do Tejo

  • Santarém

  • Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros

  • Não

  • A visita a este local tem de ser feita com muita, muita cautela.

    É uma das grutas icónicas de Portugal Continental. O seu nome (algar das gralhas) está associado ao facto de serem conhecidos vários algares que se abrem no magnífico campo de lapiás da Chainça e porque alguns deles serviram de abrigo a gralhas de bico vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax), ave outrora muito comum na região. Terá sido o 7º, de muitos, a ser identificado neste pequeno cabeço que se eleva próximo do limite sul do planalto de Sto. António. A sua modesta entrada, aberta em calcários do Jurássico Médio, a uma altitude próxima dos 350 m, não traduz a sua enorme importância patrimonial (geológica, paisagística, histórica e espeleística).

    O poço de acesso tem cerca de 70 m de profundidade, desembocando no teto de uma sala situada na interseção de várias galerias. Uma boa parte da sua fama estará associada aos aspetos magníficos da sua paisagem subterrânea, ao que não será indiferente a existência de troços abundantemente concrecionados (ex. estalactites e estalagmites) - alguns com escorrências ativas - pontuados por pequenos lagos temporários nas épocas de maior precipitação. Contudo, a sua importância excecional advém do facto de serem poucos os algares que, neste setor do Maciço Calcário Estremenho, conseguem intersetar zonas com vestígios de circulação fóssil ou atual.

    O vasto campo de lapiás do Cabeço da Chainça, caracteriza-se por um carso nu, sem cobertura de solo, onde as formas lapiares de maior dimensão parecem conduzidas fundamentalmente pela ação dos processos de dissolução sobre o sistema de diaclases, conjugadas com outras formas de dimensões menores que se desenvolvem na sua superfície, chegando-se a fundir. São o caso das caneluras de erosão condicionadas pelo escoamento superficial da água e das pias de dissolução simétricas e assimétricas que constituem locais de permanência temporária água da chuva cuja ação física é reforçada pela ação química.

    A vegetação, típica destes ambientes cársicos, aproveita todos os locais de acumulação de solo para se desenvolver. A profundidade de algumas fendas entre lapiás, cujas paredes parecem por vezes talhadas pelas pessoas, torna perigosa a progressão. Esta é feita saltando de laje em laje, sendo dificultada pela vegetação dominada pelo carrasco (Quercus coccifera).

    Algar – do árabe al-gar – cova. Gruta com desenvolvimento vertical. Poço natural em terrenos calcários ou vulcânicos, resultantes do abatimento de tetos de grutas ou abóbadas, bem como de dolinas e sumidouros.

    Lapiás ou lapiaz – paisagem comum em zonas calcárias, densamente sulcadas devido à dissolução do calcário pelas águas da chuva ao longo de fraturas e ruturas. É a forma cársica de menores dimensões, designando tanto uma forma apenas como um conjunto de formas lapiares.

    Pia – no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros designa uma cavidade superficial natural que, temporariamente, se enche de água, sendo um importante reservatório numa região onde ela é escassa à superfície.

  • Não definido