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  • Parque Natural da Serra da Estrela

  • Sim

  • Acesso a partir de:

    - Manteigas (± 15 km) - N338;

    - Seia (± 34 km) - N339;

     

    GPS: 40.315157, -7.575648

  • Vista sobre o planalto da Torre, os Cântaros, a Nave de Santo António e as moreias do Poio do Judeu e Alforfa, bem como sobre a lagoa do Viriato.

    Sítio de especial interesse geológico e florístico. Piorno é o nome vulgar dado às plantas do género Retama (vulgo giestas).

    Aqui ficam as ruínas do antigo teleférico.

    A partir deste local obtém-se uma boa perspetiva dos principais aspetos da glaciação do setor oriental da serra da Estrela. Encontramo-nos perto do limite entre as áreas com e sem os glaciares do Pleistocénio. No máximo da glaciação, os glaciares ocupavam toda a área visível para ocidente, sendo o planalto da Torre uma área de acumulação de neve, daí saindo várias línguas glaciárias que escoavam, canalizadas nos principais vales. O gelo ocupava então toda a Nave de Sto. António dividindo-se em 2 línguas glaciárias: para sul, ao longo do vale da Alforfa numa extensão de 8-9 km; e para norte, ao longo do vale do Zêzere, até onde hoje está Manteigas, numa extensão de 13 km. O gelo do glaciar do Zêzere fluía canalizando-se, essencialmente, no Covão Cimeiro, Covão d’Ametade e no vale da Candeeira.

    Este local onde está e as superfícies aplanadas entre o Alto da Pedrice e o Curral da Nave e a oriente destas não foram sujeitas à ação dos glaciares. Teriam, eventualmente, tido uma cobertura pouco espessa de neve, devido à baixa altitude destas superfícies e aos ventos fortes que se fariam sentir.

    Na Nave de Sto. António, superfície aplanada entre os planaltos da Torre e o das Penhas da Saúde, ampla portela entre os vales do Zêzere e da Alforfa, há um interessante conjunto de formas de acumulação: as moreias. Normalmente, estas apresentam-se sob a forma de cristas mais ou menos bem definidas, constituídas por blocos, de dimensão variável, envolvidos por material mais fino. A formação das moreias deve-se ao transporte de material rochoso pelo glaciar, o qual, nos casos mais típicos, é depositado à sua frente ou lateralmente. As moreias são testemunhas da altura e do traçado atingidos pelas línguas glaciárias, sendo pois fundamentais para o conhecimento das mesmas.

    É possível observar várias gerações de moreias, umas mais bem conservadas do que outras. No fundo aplanado da depressão da Nave vê-se que grande parte se encontra coberta por blocos de dimensão variável. Em alguns sectores é possível identificar cristas de blocos que são moreias laterais. As duas mais significativas encontram-se nos rebordos norte e sul da Nave, nomeadamente as moreias do Poio do Judeu e da Alforfa. A 1ª é uma acumulação de blocos impressionante, com cerca de 1,5 km de extensão, de onde sobressai um enorme bloco: o Poio do Judeu. Esta moreia testemunha um enchimento de gelo de cerca de 300 m no vale do Zêzere, correspondendo a uma fase próxima do máximo de glaciação da estrela.

    A moreia da Alforfa está melhor conservada (pelo que será mais recente) e encontra-se em posição semelhante à da do Poio do Judeu, mas simétrica no sector sul da Nave, originada pela língua glaciária do vale da Alforfa, com cerca de 200 m de espessura, que contactava lateralmente com a Nave de Sto. António, que aí depositou parte do material que transportava.

     

    Circo glaciário – forma em anfiteatro com paredes abruptas onde se acumula neve e gelo, que, em muitos casos, alimentou as línguas glaciares dos vales. Quando o circo é limitado a jusante por uma saliência rochosa, dá-se o nome de ferrolho glaciário a essa saliência. Quando o gelo derrete, forma-se um lago, que pode ou não ser preenchido com sedimentos, e que sobressai na paisagem. A essa depressão limitada pelo ferrolho dá-se o nome de Covão.

    Glaciar – acumulação de gelo permanente existente nos polos e nas altas montanhas e que se canaliza em vales, originando línguas glaciárias.

    Lagos em rosário – sucessão de covões e ferrolhos que, com o desaparecimento do glaciar, deram origem a um conjunto de lagos.

    Língua glaciária – parte de um glaciar de vale que fica a jusante do circo glaciário (a montante).

    Moreia – acumulação de rochas transportadas e depositadas pelos gelos dos glaciares. Moreia lateral tem origem na parte lateral da língua glaciária. Moreia frontal quando se origina na parte da frente do glaciar.

  • Não definido