• Lagoacho – Covão do Urso

  • Centro

  • Seia

  • Parque Natural da Serra da Estrela

  • Não

  • Acesso a partir de:

    - Manteigas (± 18 km) – N232, vire à esquerda para Vale do Rossim. Passe Vale do Rossim e continue;

    - Seia (± 19 km) – N339, sem passar por Sabugeiro. Siga as indicações Manteigas / Penhas Douradas. Continue pela N232 direção Manteigas. Vire à esquerda para Vale do Rossim. Passe Vale do Rossim e continue.

     

    O geossítio fica num vale antes da barragem do Lagoacho.

    GPS: 40.3911111, -7.6166667

  • O aspeto mais interessante neste local é a espetacular moreia lateral no topo da vertente nordeste do Covão do Urso, a mais longa em Portugal prolongando-se por cerca de 4 km. Trata-se de uma grande acumulação de blocos, que podem atingir alguns metros de diâmetro, e que parece corresponder à fase de maior extensão dos glaciares nesta zona da serra. Em alguns sectores, devido à vegetação que por vezes atinge o porte de árvore, é difícil observar a sua continuidade. Esta moreia e a que se localiza na vertente oposta permitem estimar uma espessura mínima de gelo da ordem dos 150 m, cobrindo o Covão do Urso.

     

    O Covão do Urso no vale do Alva é um ótimo exemplo de um vale glaciar (em forma de U). O seu perfil longitudinal é marcado por bruscas ruturas de declive, das quais se vê um exemplo, logo a jusante do Lagoacho. A barragem foi construída neste local aproveitando a existência de um antigo covão glaciário. Para montante, na Nave Descida, observam-se abruptos sucessivos que causam uma sequência de ressaltos nas vertentes, originados pelo glaciar que arrancou blocos desses locais, efeito denominado quarring.

     

    Na estrada antes de chegar à barragem do Lagoacho pode observar, em corte, a moreia lateral acima referida, os diversos tamanhos dos materiais e o carácter anguloso destes. O 1º aspeto indica que o transporte pelo glaciar foi pouco selectivo, dando origem a acumulação de blocos de diversas dimensões, muitas vezes envolvidos numa matriz mais fina. O facto de os blocos serem angulosos tem a ver com as características das rochas originais e com o facto de o seu transporte ter sido curto, não tendo chegado, pois, a ficar arredondados.

     

    Os arcos morénicos aqui existentes parecem indicar 12 episódios de deposição glaciária. Veja também uma sucessão de circos glaciários em rosário, típico das paisagens glaciares.

     

     

    Circo glaciário – forma em anfiteatro com paredes abruptas onde se acumula neve e gelo, que na Estrela alimentou as línguas glaciares dos vales. Quando o circo é limitado a jusante por uma saliência rochosa, dá-se a esta o nome de ferrolho glaciário. Quando o gelo derrete, forma-se um lago, que pode ou não ser preenchido com sedimentos, e que sobressai na paisagem. Na serra da Estrela, a essa depressão limitada pelo ferrolho dá-se o nome de Covão.

    Covão – alargamento na cabeceira de um vale glaciário que funciona como bacia de receção.

    Lagos em rosário – sucessão de covões e ferrolhos que, com o desaparecimento do glaciar, deram origem a um conjunto de lagos.

    Glaciar – acumulação de gelo permanente existente nos polos e nas altas montanhas e que se canaliza em vales, originando línguas glaciárias.

    Língua glaciária – parte de um glaciar de vale que fica a jusante do circo glaciário (a montante).

    Moreia – acumulação de rochas transportadas e depositadas pelos gelos dos glaciares. Moreia lateral tem origem na parte lateral da língua glaciária. Moreia frontal quando se origina na parte da frente do glaciar.

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